terça-feira, 13 de outubro de 2009

Fado e condão

I

Loucos devaneios
Horas perdidas
Pelo que espero?
Passado esquecido

Azul turquesa
Esfera do amor
Odeio-te tanto
Acalma esta dor

II

Distância do tempo
Horas passadas
Minutos perdidos
Tempo acabado

Sou a lua e tu a estrela
Vidas separadas
Moeda de duas faces
Tempo esgotado

Passado e presente
Futuro infinito
Que tempo é este?
Sede do faminto

Palavras soberbas
Desejos esquecidos
Mentes cúmplices
Almas parecidas

Ventos e marés
Força do nada
Vida e morte
Diabo e fada

Paraíso infernal
Desejos e mágoas
Mal-me-quer e espinho
Fogo e água

Sonhos apagados
Anseio de tudo
Noite voraz
Palpites do futuro

Vénus e Marte
Identidade omissa
Bola de neve
Fogo é premissa

Incógnitas e desafios
Caminhos cruzados
Poeira no ar
Ou águas passadas?

III

Estrela cadente
Fugiste de mim
Tento-te agarrar
Porque foges assim?

Auto-estrada do amor
Paraíso intangível
Voa ate mim
Envolve-me nessa magia

Arco-iris que brilha
Ilusão perdida
Doce querer
De quem quer
O que não quer

Sonhos perdidos
ilusões esquecidas
Imagens do meu ser
Infinito banido

Reflexo de ti
Esperança demolida
Freios de cetim
Aparição repentina

Tudo de nada
Cheio de si
Voaste para longe
Estás em mim

Roleta russa
Cheia de azar
Ó vida manhosa
Gentileza banal

Carpintaria de vidas
Esculpiste-me a alma
Cravada no peito
És dor decifrada

Varinha mágica
Estrelinha de babel
Fados e mágoas
Princesa do fel

Trono e condão
Correntes e picos
Será este meu fado
Humilde te suplico...

Ninfa

I

Brisa do mar
Estrelas cadentes
Águas cristalinas
Corais brilhantes

Ninfa do amor
Sereia traiçoeira
Bela de morrer
Seduz na beira

Olhar sedutor
Swing esfuziante
Glamour natural
Cristal rasgante

Adrenalina suave
Calma estonteante
Amor frenético
Paz marcante

II

Raiva Paixão
Fel do Amor
Tristezas Ilusões
Bálsamo da dor

Fumo um cigarro
sei-te de cor
Fascínio Idiota
Podre de bolor

Morangos com chantilly
Fantasia banal
Cartas esquecidas
Fogo fatal

Sóbria consciência
Vieste até mim
Lençóis de seda
Vestido de cetim

Musicas perdidas
Viagens esquecidas
Palavras ao vento
Ficam partidas

Longa viagem
chegou ao fim
Porto de abrigo
Vieste até mim


segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Arritemia

Amor ceifado com espinhos
Alma do meu ser
Labirintos e caminhos
Saudade de não ter

Tranquilidade e ânsia
Algo que não combina
Dualidade é mania

Pois é,
Isto não rima.

Cosmos

Vazios estão meus pensamentos
Minha alma também
Enfrento malditos desalentos
Da escuridão e do além

Além do Mundo e do cosmos
Deve estar a escuridão
Navegam meus pensamentos
Universo infinito e prisão

A caravela está à deriva
Um caminho por encontrar
Serei monstro ou diva
Disfarce para refugiar

Refugio aí em cima
Lamechas por encontrar
Não estão na colina
Nem no sol ao luar

Breu escuro e fundo
É o nosso triste fado
Não vale a pena negar
Irá partir do adro

Brisa fúnebre arrepiante
Todos te deitam luz
Altiva e proeminente
Triste vitória traduz

Escuridão

Não sei nem quero saber
E também não quero imaginar
o que seria contigo ou sem ti.
A vida não passa de milhares de sombras
que o tempo vai desnublado
ao longo do tempo,
Sombras que eu não consigo alcançar
e que me devoram no escuro...

Tempo

O tempo corre,
Corre à velocidade do tempo
Esse tempo martirizante
De tempo que dá tempo
Ao tempo que nunca passa

Quando reparei
O tempo já tinha passado
Esse tempo que nunca passava
Deu lugar a um tempo
Que nunca gostei de passar

Mas queria que o tempo voltasse
Porque no fundo ansiava
Pelo tempo que nunca chegou

Esse tempo nunca chegou
E mesmo que chegasse
Eu mandava-o dar um tempo

Mas tempo que é tempo
Nunca vai chegar nem voltar...

Saudade

É um querer de quem não quer
recordação de quem foi e será
um raio de luz para o futuro

Tempestade e bonança

Ninguém conhece o mar... As ondas enrolam-se em si mesmas, outras deslizam pela água. A raiva e o seu ódio era tanto que ele veio ter comigo. Será que me queria dizer algo? Umas ondas comiam as outras, era sempre o inicio de um novo ciclo... e eu pasmada a olhar. Só eu percebia o mar naquele instante! De repente, tive uma visão e comecei a pintar um quadro com os olhos. As nuvens deixaram escapar um raio e as gaivotas desde logo formaram uma trincheira, como se tratasse de uma guerra. Os meus sentimentos assumiram a forma de ondas e o vento soprou levando os meus pensamentos... e de repente, como se estivesse mergulhada numa piscina de leite ficou tudo branco e esqueci-me... o mar acalmou, o sol apareceu e o meu coração começou a bater devagar. Mas não te enganes! Qualquer dia o mar vai-se zangar e o vento vai-me dizer... nunca vou perceber a sua razão porque a paz apenas ondula no jazigo com a protecção de Deus e dos Anjos.

Desassossego

Maldito sejas desejo infernal
Que me corróis por dentro
E de uma forma ancestral
Alimentas o veneno d'entro

De socapa escapaste
Deste querer e não querer
É o desassossego que me rogaste
E meu coração ficou doente

Estou sem rumo e sem norte
Para traçar meu destino
Em ti tens algo forte
Que desvia meu caminho

Enquanto a raiva se ergue
Esse dia nunca chega
Nada será como dantes
Nunca mais aprendemos

Vida engenhosa

Parte I

Ó noite solitária vem até mim e dá-me o silêncio, a solidão de que preciso... a claridão do sol encandeou meus olhos e meu pensamento ficou fuzilado com as tuas ironias e falsetas. Ó vida manhosa, estás sempre a engendrar ratoeiras, tens mais vida que a própria vida e tens sangue que te corre nas veias. Gostas de sentir, chorar, cantar, sorrir, não gostas? Então pára com as tuas artimanhas de roubar vidas. És fria como um iceberg e as tuas arestas pontiagudas vincam feridas irremediáveis e incomensuráveis. Gostas de sentir poder sobre nós, este rebanho imenso e disperso atordoado com as tuas ilusões e sonhos. Tão engenhosa que fico perdida nos teus labirintos irónicos.

Parte II

O tempo corre... os minutos passam... os segundos esgotam-se e o meu ser aniquila-se perante a tua força... meu pensamento voa dentro do meu pequeno ser... e suas fronteiras são pequenas de mais para impedir que a minha alma levite perante esta imensa paz de espírito. Quais astros, qual universo? O mundo gira e nós aqui especados à espera de quê? Que fazes, que pensas? O quê? Diz lá o que queres e que pensas! Vá diz!!! Hoje já pensaste na vida? Eu não... mas há dias em que penso muito. Ando fora dos trilhos, pensamentos desconexos, teorias mirabolantes, pequenos pensamentos milagrosos, pequenos pormenores de loucura que dão sentido às coisas. Tenho pimenta e sal dás-me o ketchup por favor? Eu não gosto de mostarda porque insiste nisso? Teimosias, delirios, orgulho, paixão e amor... mescla explosiva detonou com tudo... dinamite que fez cinzas, cinzas que agora são fogo e reluzem na agua com todo o seu esplendor. Fascinas-me, alimentas a minha ilusão, reflexos psicoticos de um sóbrio discernimento. Ainda tenho muito que sofrer e chorar, o acaso atraiçoa-me e as complicações são pequenas quando te vejo esvanecido no leito da morte a sofrer pelos mortais, como Jesus Cristo na cruz, aquela imagem não me sai da cabeça, amo-te muito de paixão sem limite estejas onde estiveres vou amar-te para sempre. Dedico-te todas as vitórias e as derrotas amarguradas sofro-as por vergonha de não te fazer alegre. Mas que troféu me restou? Morte, medo, brisa fúnebre e fria misturada com odor humido de paredes que testemunham a minha dor incomensuravel, entranha-se nas vísceras horripilantes do teu cheiro a terra podre, arrepias-me e estremeço só de pensar nisso. E tu aí na cruz, que fazes?

domingo, 11 de outubro de 2009

Palavras vadias

Parte I

Se eu fosse um anjo trazia-te para mim, conforto nos espinhos das lembranças que reluzem nas chamas do inferno dos meus pensamentos... Sombra fugaz de uma lembrança que se quer apagar. Lembrança que não se lembra do lembrar que sempre tive por ti. Mesmo que seja desde ontem até amanha. Revolta camuflada insiste em não insistir na insistência que insiste em mim. Emaranhado nos meandros dos sentimentos desconexados que abruptamente nascem em mim. E por ti alimento esta ilusão no imaginário dos meus sonhos em que tudo é possível. Eu dei-te um beijo e o feitiço quebrou, maçã envenenada na terra do nunca, afinal és real ou ilusória? Realidade que transcende para além do real imaginário, ilusão da realidade reflectida por mim. Quero acordar deste pesadelo da ilusão falaciosa de felicidade de uma terra que não existe. E assim surge o mal: da ilusão que temos de fazer o bem, por um sentimento genuino e puro, que corrompe a terra do nunca onde os sentimentos são puros e cristalinos que nascem de um aconchego no calor da alma. Pânico de te ter, sofrimento por te ver e não ter. Inocência de uma risada de fez acordar, quebrou o feitoço, fez querer com ainda mais força o meu mundo de volta. Querer de não te querer ter, querendo todos os dias o que não tenho vontade de ter. Vidas cruzadas pelo destino de uma rota mal traçada. E assim te volto a perguntar: Que fazes aí na cruz?

Parte II

Palavras que o tempo corrompe. Palavras que o tempo faz esmorecer e perder todo o significado que lhe demos, afinal de contas, o significado não é significante quando na realidade tem outro significado... Princesa hoje, gata borralheira amanha, conto de fadas ou princesa de babel? Palavras que o tempo leva, que hoje me lembram e que amanha me fazem esquecer aquilo que hoje recordo... ilusão, utopia, miragem... que repentinamente surgiu e se evapora... instinto fatal que mata ao sabor do desejo cortante. Pássaro que voa e navega nas brisas da vida, com asas de águia ou de andorinha... Quero voar para além dos horizontes, onde o firmamento se confunde com a realidade e tudo é mágico. Magos e feiticeiros, misticismo que seduz... fadas ou bruxas? Energias por descobrir. Passado e presente se cruzam por caminhos sinuosos e tortuosos cheios de curvas e contracurvas ameaçando despistes nos penhascos da vida, crescer em marcha atrás. Caminhada sombria quero raios de luz... energias desperdiçadas que as leis da química desconhecem, ou serão leis físicas que orientam o processo? Enigmas e segredos que florescem como eucaliptos, secam tudo à volta em fracção de segundos... segundos que parecem minutos, minutos que parecem horas, horas que parecem dias, dias que parecem meses, meses que parecm anos, anos que parecem décadas, décadas que parecm infinitas fracções de tempo, tempo esse que anda à mesma hora... Anda ao mesmo tempo que eu... ou será que nunca vamos acertar os relógios?