domingo, 11 de outubro de 2009

Palavras vadias

Parte I

Se eu fosse um anjo trazia-te para mim, conforto nos espinhos das lembranças que reluzem nas chamas do inferno dos meus pensamentos... Sombra fugaz de uma lembrança que se quer apagar. Lembrança que não se lembra do lembrar que sempre tive por ti. Mesmo que seja desde ontem até amanha. Revolta camuflada insiste em não insistir na insistência que insiste em mim. Emaranhado nos meandros dos sentimentos desconexados que abruptamente nascem em mim. E por ti alimento esta ilusão no imaginário dos meus sonhos em que tudo é possível. Eu dei-te um beijo e o feitiço quebrou, maçã envenenada na terra do nunca, afinal és real ou ilusória? Realidade que transcende para além do real imaginário, ilusão da realidade reflectida por mim. Quero acordar deste pesadelo da ilusão falaciosa de felicidade de uma terra que não existe. E assim surge o mal: da ilusão que temos de fazer o bem, por um sentimento genuino e puro, que corrompe a terra do nunca onde os sentimentos são puros e cristalinos que nascem de um aconchego no calor da alma. Pânico de te ter, sofrimento por te ver e não ter. Inocência de uma risada de fez acordar, quebrou o feitoço, fez querer com ainda mais força o meu mundo de volta. Querer de não te querer ter, querendo todos os dias o que não tenho vontade de ter. Vidas cruzadas pelo destino de uma rota mal traçada. E assim te volto a perguntar: Que fazes aí na cruz?

Parte II

Palavras que o tempo corrompe. Palavras que o tempo faz esmorecer e perder todo o significado que lhe demos, afinal de contas, o significado não é significante quando na realidade tem outro significado... Princesa hoje, gata borralheira amanha, conto de fadas ou princesa de babel? Palavras que o tempo leva, que hoje me lembram e que amanha me fazem esquecer aquilo que hoje recordo... ilusão, utopia, miragem... que repentinamente surgiu e se evapora... instinto fatal que mata ao sabor do desejo cortante. Pássaro que voa e navega nas brisas da vida, com asas de águia ou de andorinha... Quero voar para além dos horizontes, onde o firmamento se confunde com a realidade e tudo é mágico. Magos e feiticeiros, misticismo que seduz... fadas ou bruxas? Energias por descobrir. Passado e presente se cruzam por caminhos sinuosos e tortuosos cheios de curvas e contracurvas ameaçando despistes nos penhascos da vida, crescer em marcha atrás. Caminhada sombria quero raios de luz... energias desperdiçadas que as leis da química desconhecem, ou serão leis físicas que orientam o processo? Enigmas e segredos que florescem como eucaliptos, secam tudo à volta em fracção de segundos... segundos que parecem minutos, minutos que parecem horas, horas que parecem dias, dias que parecem meses, meses que parecm anos, anos que parecem décadas, décadas que parecm infinitas fracções de tempo, tempo esse que anda à mesma hora... Anda ao mesmo tempo que eu... ou será que nunca vamos acertar os relógios?

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