segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Vida engenhosa

Parte I

Ó noite solitária vem até mim e dá-me o silêncio, a solidão de que preciso... a claridão do sol encandeou meus olhos e meu pensamento ficou fuzilado com as tuas ironias e falsetas. Ó vida manhosa, estás sempre a engendrar ratoeiras, tens mais vida que a própria vida e tens sangue que te corre nas veias. Gostas de sentir, chorar, cantar, sorrir, não gostas? Então pára com as tuas artimanhas de roubar vidas. És fria como um iceberg e as tuas arestas pontiagudas vincam feridas irremediáveis e incomensuráveis. Gostas de sentir poder sobre nós, este rebanho imenso e disperso atordoado com as tuas ilusões e sonhos. Tão engenhosa que fico perdida nos teus labirintos irónicos.

Parte II

O tempo corre... os minutos passam... os segundos esgotam-se e o meu ser aniquila-se perante a tua força... meu pensamento voa dentro do meu pequeno ser... e suas fronteiras são pequenas de mais para impedir que a minha alma levite perante esta imensa paz de espírito. Quais astros, qual universo? O mundo gira e nós aqui especados à espera de quê? Que fazes, que pensas? O quê? Diz lá o que queres e que pensas! Vá diz!!! Hoje já pensaste na vida? Eu não... mas há dias em que penso muito. Ando fora dos trilhos, pensamentos desconexos, teorias mirabolantes, pequenos pensamentos milagrosos, pequenos pormenores de loucura que dão sentido às coisas. Tenho pimenta e sal dás-me o ketchup por favor? Eu não gosto de mostarda porque insiste nisso? Teimosias, delirios, orgulho, paixão e amor... mescla explosiva detonou com tudo... dinamite que fez cinzas, cinzas que agora são fogo e reluzem na agua com todo o seu esplendor. Fascinas-me, alimentas a minha ilusão, reflexos psicoticos de um sóbrio discernimento. Ainda tenho muito que sofrer e chorar, o acaso atraiçoa-me e as complicações são pequenas quando te vejo esvanecido no leito da morte a sofrer pelos mortais, como Jesus Cristo na cruz, aquela imagem não me sai da cabeça, amo-te muito de paixão sem limite estejas onde estiveres vou amar-te para sempre. Dedico-te todas as vitórias e as derrotas amarguradas sofro-as por vergonha de não te fazer alegre. Mas que troféu me restou? Morte, medo, brisa fúnebre e fria misturada com odor humido de paredes que testemunham a minha dor incomensuravel, entranha-se nas vísceras horripilantes do teu cheiro a terra podre, arrepias-me e estremeço só de pensar nisso. E tu aí na cruz, que fazes?

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